sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fera-Humana 4

Data: 28 de janeiro
Hora: 10:20 a.m.
Local: Departamento de Homicídios, Scotland Yard, sala 10.

Ouvia-se apenas três sons no recinto: uma bengala batendo na madeira, acompanhada de dois passos, em uma sinfonia repetitiva, infernal. Um homem caucasiano, alto, com cabelo ralo, olhos inteligentes e terno alinhado era o maestro dessa sinfonia. Parecia irritado, as sobrancelhas coladas. Foi quando a porta foi aberta que ele parou no meio da sala, batendo a bengala no chão.

-Osmond Champollion! -Bradou, a voz saindo mais poderosa do que ele esperava. O homem que entrara era o oposto dele. Terno usado, gravata frouxa, olhar inocente e bem mais novo. O homem estacou e ergueu as sobrancelhas, bebendo um gole do café que tinha em mãos.

-Stanley Exupéry! -Gritou de volta em uma imitação perfeita de sua voz. O homem de bengala corou um pouco, mas não perdeu a expressão dura.

-Sei que sua família é francesa, mas você está na Inglaterra, rapaz. Deve se apresentar no trabalho na hora e não vinte minutos depois. Por causa desses atrasos, o Capitão McCarty sempre coloca toda a maldita culpa em mim! -Stanley estava bem irritado. Não era superior à Osmond, era seu parceiro, mas de vez em quando o amigo deveria ser colocado na linha. Ele se sentou, a expressão completamente mudada. Agora tinha seu olhar comum. Haviam dois jornais à sua frente, abertos em sua mesa. Outra coisa que mostrava que duas pessoas completamente distintas dividiam aquela sala eram as mesas. A de Stanley chegava a brilhar com a limpeza e a organização, mas a de Osmond... bem, digamos apenas que não era possível, de fato, ver a mesa de Osmond. Stanley apoiou o queixo em uma das mãos enquanto lia uma matéria de cada jornal. Eles pareciam velhos, mas em perfeito estado.-Venha aqui, por favor, Os.-Disse, com calma, levantando-se e cedendo lugar à ele. No jornal, haviam duas manchetes grifadas à caneta e régua, em uma linha contínua e perfeita, obviamente feita por Exupéry. Os casos grifados eram distanciados em cinco semanas e dois dias cada. A primeira dizia apenas "Magnata vencedor do processo decorrindo ontem é encontrado morto em sua própria casa", seguido da descrição. Um corte feito por uma lâmina afiada, provavelmente uma faca, havia cortado a garganta do senhor Holder. A casa havia sido arrombada. Era apenas o que havia na reportagem. Malditos jornais de subúrbio. Bem, o segundo jornal tinha a manchete: "Carl Montgomery, o homem que matou seus filhos gêmeos para não pagar a pensão foi encontrado morto", o resto da reportagem dizia que ele fora encontrado dentro de seu carro, ligado, sufocado por carbono. A polícia pensara em suicídio primeiro, mas havia a marca de soco no rosto, dentes quebrados e o homem estava amarrado. A janela havia sido arrombada.

-Legal, Stan, então é nisso que vem trabalhando? Não sei se percebeu, mas é meio longe da nossa jurisdição. Os assassinatos aconteceram nos Estados Unidos!-Osmond disse, com uma expressão de pena, como se o amigo estivesse perdendo o jeito. Stanley coçou a nuca, apoiado na bengala.

-Você tem planos melhores para nossas férias do que pegar um Serial Killer?-Perguntou, os olhos espertos brilhando. Havia quatro anos que não tiravam férias e agora parecia ser o momento ideal.

-Não sei, Stan, ele me parece um vingador.

-Antes de ser um vingador, ele é um assassino em série. Bem, eu estou decidido, minha mala está pronta. Esses americanos não sabem como prender um maldito idiota metido a super-herói. Podemos ajudá-los. Você vem comigo?-Stanley falava rápido quando estava animado e, Deus, ele realmente estava animado. Caminhou até a porta e a abriu enquanto Osmond olhava perdidamente para o jornal. Bateu decidido a mão na mesa, dobrou os jornais de qualquer maneira e os guardou no bolso. Stanley vestia seu sobretudo preto.

-Ok, eu só vou para poder salvar sua maldita pele!-Disse, a voz irritada, mas o coração emocionado com a aventura.-Vá comprando as passagens de avião. Eu vou pegar minhas malas.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Fera-humana 3

Um ano, dois meses e quatro dias haviam passado desde meu último surto noturno. Na verdade, parecia que eu estava passando por uma maré de sorte. Sem sangue rubro manchando minhas negras luvas. Sem gritos de morte ressoando em minha cabeça. E, principalmente, sem o prazer de fazer justiça rasgando minhas veias.

Durante todo este tempo de estagnação eu pude relembrar como era ter uma vida normal, relembrar como era fazer justiça do modo certo, ganhando casos em um tribunal. Desde meu último frenesi, eu ganhara todos os casos que caiam em minhas mãos e com isso também ganhara muito mais respeito das autoridades vigentes. Isso era bom, pois eu os tinha sob minha mira vinte e quatro horas por dia.

Eu gostava de comparar este mundo no qual eu havia me infiltrado com um pântano. Depois de muito trabalho e força você consegue tirar algum lucro do fundo daquele grande mar de sujeira e corrupção.

Mas (porque sempre tem que ter um "mas"?) tinha este caso. Richard "Dick" Stocker, um típico pai de família, pagava suas contas, trabalhava de segunda a sábado, matara sua mulher por uma traição descoberta... Dick, um dia, foi até meu escritório. Eu trabalhava em um caso de pensão alimentícia (como um favor para Robbie, um amigo sem muitos talentos nos espinhosos ramos do direito), quando ele entrou. O homem até mesmo parecia um clichê de filmes de detetive, terno quadriculado, calvo, com uma mania irritante de usar um lenço para limpar a careca. Trazia uma mala nas mãos, provavelmente com todos os papéis para o processo. Larguei a pasta, erguendo o olhar para o senhor e antes mesmo que eu dissesse meus problemas, ele despejou toda a sujeira em cima de mim.

-Boa tarde, eu conheço sua fama, sei que já tem ganho casos initerruptamente há um ano. Quero que me defenda no tribunal, mas para isso precisa saber a história. -Foi muito estranho ouvir o senhor Stocker deixar toda a história fluir por sua boca sem nenhum maldito sentimento de culpa. Ele havia tentando, primeiro, envenenar a mulher, mas não soubera exatamente a quantidade de arsênico que deveria colocar em sua comida para que ela não sentisse o gosto, por isso colocou pouco demais, apenas o suficiente para que a senhora Stocker tivesse uma crise de vômitos. Frustrado, ele resolveu contratar alguém para fazer o trabalho para ele. Uma noite depois de feito o chamado do profissional, enquanto a mulher se divertia com um amigo do trabalho na casa dele, ela levou três tiros na nuca. Os tiros atravessaram seu crânio, matando junto o amante. Infelizmente para Dick, o profissional não era tão profissional assim. Sua nove milímetros não tinha silenciador e toda a vizinhança havia notado, inclusive o vizinho policial. O homem foi preso e indicou o contratante depois de duas horas na delegacia. -Pois então. Esta é a história. Me tire desta. Dinheiro não é o problema. -Acho que nem se eu fosse um advogado de filmes eu conseguiria tirar este canalha da enrascada na qual se metera. Pelo menos não do jeito que ele esperava. Na hora em que ele parou de tagarelar, eu pude sentir um leve movimento no meu sub-consciente, meu "eu-lunar" acabara de despertar de um longo sono.

É claro que não aceitei o caso. Nunca defenderia aquele homem e como sabia que meu "eu-lunar" acabaria com a raça daquele desgraçado com requintes de crueldade, não queria meu nome envolvido no caso.

Apagão. A escuridão me envolvia a cada vez que meu sub-consciente me dominava. Quando acordei, o coração à toda, me vi deitado em minha cama, minha roupa já em meu corpo, levemente grudada pelo suor. Já estava até com minhas luvas negras. Um táxi businava na frente da minha casa, irritantemente insistente. Sorri e me levantei. Senti o gélido toque da lâmina de minha faca presa em meu cinto branco. O único macular daquela brancura devia-se ao tom negro de minhas luvas. Saí de casa. O alvo havia deixado um cartão comigo, "caso eu mudasse de idéia". Ele devia saber que meu "eu-lunar" não me deixa mudar de idéia. Quem tem a mente fraca nessa relação é meu "eu-solar", pálido, sorridente e inocente. Dei um endereço há um quarteirão do meu destino. Não precisava de um taxista idiota me denunciando às auto-denominadas autoridades. Desci do carro e cheguei na casa do alvo mais rápido do que esperava. Tateei em meu bolso e encontrei meu celular. Disquei o número do cartão. Eram onze horas. Uma luz se acendeu na casa e o contorno difuso de uma pessoa pegou o telefone. Antes que ele dissesse qualquer coisa, eu disse:

-Você tem visita. -E desliguei. Simples assim. A imagem do homem olhando para o telefone, provavelmente com um semblante confuso, fez um sorriso brotar em meus lábios. Ele largou o telefone e foi até a porta. A partir daí não pude ver mais nada. Fui até a janela de seu quarto, idiotamente aberta. Entrei por ali e me lembrei de uma frase que mamãe dizia: "Os únicos que morrem afogados são os que sabem nadar". Sorrindo, infiltrei-me na escuridão do quarto, próximo ao armário. Ouvi a porta sendo aberta e a voz do alvo. "Malditos passadores de trote!", logo em seguida ouvi seus passos aproximando-se. Uma animação negra fez meu coração saltar. Meu "eu-lunar" regozijava-se com a futura morte. O terceiro causado pelas mãos da justiça dos homens.

O alvo não teve tempo nem de gritar. Com velocidade, foi imobilizado, ambos os braços sendo quebrados para trás com golpes que nunca havia aprendido. O sorriso não saia de meu rosto enquanto fazia o pobre Dick desmaiar de dor.

Quinze minutos depois ele acordou, preso à própria cama pelas pernas e braços, os quatro membros quebrados em fraturas expostas. A dor era insuportável. Ele estava pálido, sangrando até a morte. Cada segundo sendo acompanhado por um homem de branco que o olhava, sorrindo. Sabia que seria seu fim. Com um último suspiro desesperado, uma última gota do precioso liquido rubro derramada, quando o último gorgolejar refinado de pavor e dor foi liberado, ele morreu. O sorriso desapareceu do rosto da figura e ela saiu pela janela. Trabalho concluído.

Quando acordei em minha cama, tinha duas novas sacolas aos meus pés. Roupas para meu próximo ataque. Sorri, sentindo o cheiro de queimado que vinha do porão. As roupas antigas. A justiça havia sido feita.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

All we are saying is give peace a chance!

Hoje é um dia muito feliz para mim. Finalmente foi o último dia de aula e se eu soubesse que seria aquela choradeira desnecessária toda, levaria um snorkel. Não sei qual o motivo de tudo aquilo, como se uma parte de você ficasse para trás junto das pessoas, mas isso não importa. Fiquei extremamente satisfeito com o resultado do ano, mais uma caminhada para a morte o futuro! Que piegas, heim?

Mas então, não vim falar disso. Vim discutir um assunto muito comum, mas que acho que depois de tanto ser discutido, acabou por cair em desuso, como uma meia de lã no verão. A Guerra. Não, não vim falar das grandes guerras nas quais muitos embarcam e poucos desembarcam. Vim falar nas pequeninas guerras do nosso cotidiano, aquelas que os participantes desse macabro jogo entram vivos e saem vivos, só que com a mente embaralhada e o coração em frangalhos. Com sorte, só um dos lados sai desta maneira, mas geralmente ambos se machucam, o que me leva à pergunta: what the hell? Certo, eu entendo que as guerras devam acontecer em um apocalipse zumbi, onde uma lata de feijão em conserva realmente vale a vida do seu adversário, mas aqui? Agora? Não vejo necessidade.

As guerras de bilhetes são as piores. Olhares raivosos trocados entre uma e outra pista lançada. Mais ou menos como no jogo Detetive. Você sabe que arma foi usada, mas não sabe quem foi o assassino.

Tenho de dizer, atualmente eu estou em uma dessas guerras. E o mais "legal" é que meu inimigo é do meu próprio sangue. Eu estou dentro de uma infantil guerra de bilhetes.

Fico pensando... não posso mais escrever o que eu penso que as pessoas tomam como uma crítica pessoal. Cara, isso não é legal. Se bem que quando eu lí Crepúsculo eu tomei aquela merda toda como uma porrada no meu orgulho.

Não sei, não pretendo muito discutir sobre o assunto porque só o nome "guerra de bilhetes" já soa auto-explicativo para mim. Só queria que as pessoas cumprissem com suas obrigações e vivessem sua vida. Não gosta do que outra pessoa pensa? Sorria e ignore. Honre as calças/saias que veste! Mas, como não sou bobo nem nada, não acredito que um dia isso aconteça. Afinal, o que as pessoas pensam, às vezes soa tão real que você começa a se questionar e tem medo de mudar o pensamento. Essa é a humanidade que eu amo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Meu vício, minha imaginação.

Hoje eu vim aqui querendo precisando escrever, mas não sabia sobre o quê. Escrevi duas linhas e a tempestade de verão chegou, me obrigando a desligar o computador e matar meu tédio com mais tédio. Talvez tenha sido providência divina, não sei, mas o que sei é que agora eu tenho um tema sobre o que falar.

Algumas pessoas se afastam de mim porque eu não partilho de seus vícios (futebol, cigarros, bebida, raves), achando que por isso eu me sinto o puritano. Não é verdade. O fato de eu preservar pela minha saúde (física e mental) não tem nada a ver com isso. Não faço de mim um exemplo de jovem, pois estaria sendo ridículo e afrontando a mim mesmo.

Eu já tentei beber e o resultado foi catastrófico. No primeiro gole, a careta foi mais forte do que minha dignidade. Acho que se eu experimentasse um cigarro, morria de falta de ar em uma só tragada. Já tentei ouvir música eletrônica, mas aquela repetição de sons unidos às imagens borradas de uma festa não me apetecem. Não acho que eu deva me deixar levar pelas pessoas que me rodeiam nem vice-versa. Eu tenho meus próprios vícios, mas deles eu não tenho vergonha.

Semana passada, ao comentar sobre o livro que eu estava lendo (Sétimo de André Vianco, muito bom, por sinal) com uma colega de curso, ela riu e falou que minha mania de ler estava começando a se tornar um vício perigoso para mim. Não vou dizer que foi a coisa mais imbecil e infantil que eu já ouvi dela, porque estaria mentindo, mas isso não vem ao caso. O que me encomoda é o fato de que, se ela acha isso, outras pessoas também devem achar! Por que na sabedoria e na burrice, uma coisa é certa: nunca estamos sozinhos!

Essa idéia me assustou por um tempo, mas depois me conformei com a minha imagem de nerd-viciado-em-leitura. Na verdade, acho que os livros são só uma parte da química mágica que se desencadeia em meu cérebro quando leio uma história nova. Pessoas, animais e lugares novos ganham lugar entre minhas sinapses e isso, pode anotar, deve dar mais onda que LSD. E o legal da leitura é que depois de anos lendo, você não contrái o cérebro e perde neurônios. Au contráire! Nosso cérebro se expande e podemos aprender mais e mais coisas!

Além de tudo isso, comigo funciona assim: mesmo que eu leia um livro que não me interesse tanto, minha imaginação muda a história, faz um novo enredo, trama os personagens intrínsecamente deixando até o mais chato dos livros bem mais interessante.

Não sei, pode ser um vício perigoso para mim, mas acho que ganho mais do que se eu estivesse pelos cantos fumando um cachimbo de crack. 

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

As aventuras de um Nerd solitário

Há muito, muito tempo, em uma galáxia muito distante, na época em que ser nerd ainda não era "modinha", Carlos Augusto Ferreira Neves, também conhecido como Carlos Augusto Ferreira Neves já fazia parte dessa raça sofredora.

Desde infante era diferente das outras crianças da escola. Enquanto algumas rolavam na terra, jogando bola e brigando, ele matava aula de Educação Física para ler "O Pequeno Príncipe". Era gordinho exatamente por matar as aulas de Educação Física e também por isso, o Q.I. de todas as crianças somadas não chegavam ao dele.

Desde o primeiro dia de aula conviveu com o bullying e só nos últimos anos de escola aprendeu como não ligar mais para ele. Assistia a todos os filmes/séries/franquias que traziam o gênero sci-fi, principalmente aqueles que iniciavam-se com a palavra Star.

Carlos Augusto Ferreira Neves nunca se preocupou muito com o assunto do gênero-biológico dos seres humanos. Via todos como iguais, independentemente de se faziam xixi em pé ou sentados. Na verdade, Carlos Augusto Ferreira Neves se sentia como um alienígena, como uma outra espécie, observando os homo sapiens sapiens que, na opinião dele apoderavam-se indevidamente do adjetivo latino sapiens. Talvez por estes problemas para se localizar na sociedade, Carlos Augusto Ferreira Neves se viu em um impasse que denominava de duelo: Hormônios X Neurônios.

Ao chegar na puberdade, começou a notar as formas das garotas da sala de aula. Enquanto alguns de seus colegas de classe já utilizavam a camisinha, ele ainda gaguejava na presença de alguma mulher. Na verdade, até mesmo na presença de sua Tia Marta. Era mais ou menos assim:

-Carlinhos, meu fofuxo, vem dar um beijinho na sua tia, vem?

-Be...Bei...Beijo, tia? Q...Que tal um...aperto de mão?

Pois é, Carlos Augusto Ferreira Neves não sabia muito bem como lidar com outros de sua espécie. Talvez por isto, tenha, sem querer, afastado todos à sua volta. Amigos, parentes... até os amigos imaginários dele não aguentavam muito tempo ao seu lado! Sinceramente, Carlos Augusto Ferreira Neves era um hecatombe fraternal.

Certo dia, findas as aulas daquela manhã, uma garota (e não era a mais bonita delas, nem a mais popular) aproximou-se de nosso herói com um sorriso tímido. Não é necessário dizer que, congelado, Carlos Augusto Ferreira Neves parecia prestes a ter um colapso nervoso.

-Er...Carlos, né? - Pergunta com uma voz doce (aos ouvidos de Carlos, pois na verdade ela era até um pouco fanha).

-Hã? Ah... É, eu...acho.

-Ah, sim. Então, sabe? Eu outro dia vi o professor Jair falando com você... Vi que talvez você seja o melhor da sala em tudo... Então...

-E...Então?

-O que acha de me dar uma aula de História? Sabe, eu tô afundando na matéria, meu cérebro é muito mais para Exatas, se é que me entende.

-O.k.

-O.k.? Então... pode ser agora? Tenho que esperar minha irmã sair.

Carlos Augusto Ferreira Neves aprenderia, na marra, que a única chance de um Nerd ficar com uma menina, qualquer menina, era aquela: dar aulas para ela. Mas aquilo não estava bem nos planos dele. Na verdade, os planos dele eram: ir para casa, tomar banho, almoçar e re-ver Star Trek: Deep Space Nine. Ele perderia aquela oportunidade única de se provar tão homem quanto qualquer sarado-jogador de bola para ver o Comandante Sisko tocar a estação espacial?

-Eu...tinha...Tá, pode ser.

-Sério? -Seu rosto iluminou-se. Ela conseguiria se salvar na matéria. - Então, meu nome é A...

-Ana Júlia Bastos. - Disse, mais rápido do que poderia se segurar. Ele conhecia todos da classe embora ninguém o conhecesse. Desde pequeno era bem observador e assim adquiria conhecimentos sobre todos antes que estes lhes contassem. Mas Ana não sabia disso. Arregalou os olhos e deu um passo para trás. Como ele sabia seu nome completo? Com certeza era algum tipo de psicopata.

-A... - Agora era a vez de Ana gaguejar - Acabo de me lembrar... minha irmã saiu mais cedo hoje... então...quem sabe outro dia? Tchau!

Carlos Augusto Ferreira Neves nem teve tempo de contra-argumentar, explicar, explicitar ou implorar para que ficasse. Não que estivesse acostumado com conversas com mulheres, longe disso. Estava mais acostumado é com a rejeição, pois, como sempre, continuava um hecatombe fraternal.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Momentos incríveis

Sabe aqueles momentos? Aqueles momentos em que nada pode se tornar melhor? Onde o tempo parece entrar em dobra nove e acabar antes do que devia?

Pois é, ontem eu tive um momento assim. Foi uma coisa incrível quando todo o Estádio do Morumbi se apagou, deixando apenas o palco aceso com uma luz lilás. Eu sabia que era ele, mas mesmo assim não podia acreditar que eu veria o ex-Silver Beatle/ ex-Beatle/ ex-Wings Paul McCartney.

Não sei bem o que dizer, mas foi fantástico. Ele não falhou nenhuma vez e me surpreendeu a cada nota tocada. O que mais me surpreendeu foi a banda dele. Para ser sincero, esperava ver o Paul e nem ligava para a banda. Mas ela foi parte importante (nunca a mais importante) de todo o espetáculo. O baterista dançando a macarena foi impagável e o guitarrista arrasando em Helter Skelter, então?

Diferentemente de alguns artistas, Paul é muito simpático. E olha que ele nem precisava ser, já que é um gênio da música e um escritor incrível. Mas não. O Cara aprendeu a falar português e até ouso dizer que a grande maioria do que ele falou entre as músicas foi em nossa lingua-mãe.

Para um show do Paul McCartney, ele começou bem simples. Só a música e os telões ligados, mas quando chegamos em "Live and Let Die", realmente foi um show. Os fogos explodiam em sincronia, de detrás do palco para o infinito. O fogo no palco durante o refrão deixou tudo ainda mais lindo.

Por três vezes Macca nos assustou, despedindo-se e indo embora. Mas, aos brados de "Paul!Paul!Paul", ele voltava para nos presentear com sua música. A última vez que ele entrou, veio com uma bandeira do Brasil enquanto o guitarrista trazia a do Reino Unido.

Foi tudo perfeito, o que atrapalhou mesmo foi as pessoas comprando cerveja e indo ao banheiro (tendo de passar por nós a todo o momento). Ah, e a maldita torre de transmissão no meio do caminho, atrapalhando a visão de todos. Por sorte conseguimos um lugar no qual o ângulo de visão nos privilegiava.

Vimos o Paul no telão e nos binóculos, o piano psicodélico dele, o baterista dançarino... Foi realmente memorável. Vai ser impossível esquecer isso.

Melhor ainda: foi um show em família: Eu, minha mãe, minha tia, meu tio e meu primo, faltando apenas minha avó e meu avô para ficar perfeito.

Enfim, Macca nos emocionou com homenagens à John e George. Acho que nunca chorei tanto assim. Eu ainda não acredito que tudo aquilo aconteceu, mas agradeço ao Paul por horas incríveis.

Em tempo: Sobre a queda de Paul ao final do show, tudo está bem, sem maiores danos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Deuses da Morte

Às vezes, imagino-me como um asteca: criado para acreditar no politeísmo (Quetzalcóatl, Uitzliopochtli, Tlaloc...), em uma sociedade completamente diferente da nossa, bastante estável, se comparada com alguns países da atualidade, talvez até mais sábia...

Ao falar com o sacerdote, ouço uma velha profecia, assim: "A terra queimará e haverá grandes círculos brancos no céu. A amargura surgirá e a abundância desaparecerá... Será o tempo da dor, das lágrimas e da miséria. É o que está por vir." Lembremos que fui criado para levar as palavras do sacerdote como a mais pura verdade, não havia a hipótese da mentira. Surpreendentemente, o que mais me assusta não é toda a destruição programada, mas o tom de urgência da última sentença do sacerdote. Ele havia dito "É o que está por vir" com uma entonação que sugeria que, muito em breve, tudo o que eu acreditava seria vaporizado pelos ares.

O tempo passa e eu volto lentamente ao trabalho já que, como Macehuali, eu sempre tenho o que fazer.

Certo dia, um jovem (bem mais jovem que eu), corre até o Tlatoani para lhe dizer que havia visto deuses com corpo brilhante e quatro patas e duas mãos. Eles estavam vindo.

Foi a primeira vez que vi um espanhol. A princípio concordei com o jovem. Eram deuses que falavam estranho e soltavam gritos bestiais que nem um Macaco-da-meia-noite soltaria. Depois, porém, eles se dividiram, dando origem a um homem (brilhante, talvez, mas homem como nós) e uma besta (a parte que soltava os tais gritos).

Não entendo bem porque, mas nunca gostei daqueles forasteiros. Tinham bons sorrisos, mas olhos maus. Tive, é claro, que suprimir este pensamento, já que o sacerdote alegava que eram deuses vindos para proteger-nos do nosso profetizado fim.

Acho que não preciso dizer como essa história terminou, mas vamos lá: foi nosso fim. A profecia se provou verdadeira quando os intrépidos exploradores decidiram que queriam a terra. A nossa terra. A qualquer custo. Utilizaram de suas magias, controlando os trovões, imbuindo de pestes os tecidos que nos davam.

Às vezes, apenas às vezes, agradeço por viver no Brasil do século XXI, onde a crueldade permanece (ou até mesmo aumentou de intensidade) mas, pelo menos, é mais às escuras.



Glossário:
Tlatoani: Chefe asteca
Macehuali: Agricultor asteca, aldeão.
Quetzalcóatl: Deus dos sacerdotes
Uitzilopochtli: Senhor solar da guerra
Tlaloc: Deus da chuva, da fertilidade e da abundância agrícola.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Extraterrestres

Verdes, baixinhos, de antenas, saindo de discos voadores, fortes, com armas laser/phaser... o universo alienígena é grande demais para citar completamente. Talvez seja por isso que muitos de nós, terráqueos, não acreditemos neles.

Certo dia estava lendo a revista UFO no intervalo das aulas quando uma distinta senhorita tomou-a de minhas mãos e começou a escarnecer da revista e do leitor: eu. Não satisfeita, ainda mostrou para toda a sala o "nerd idiota" que estava lendo "aquela mentirada". Por incrível que pareça para quem me conhece ou lê o que eu escrevo, eu não retruquei, não levantei, não briguei. Apenas tomei minha revista sentado do mesmo jeito que estava antes e voltei a lê-la.

Acho que nesse ano que está acabando eu estava um pouco diferente do normal. Não fiz nenhuma tentativa desesperada de me situar em algum grupo de amigos. Isso acabou acontecendo de qualquer maneira, com ou sem minha ajuda. Também não estou tão engajado em uma batalha para mudar o mundo como sempre estive. Não, acho que percebi que não adianta nada, as pessoas são burras e Desgostosas (vide Odiar o Desconhecido) mesmo e não tenho mais o que fazer por elas, a não ser que elas queiram.

Estou fugindo do assunto, como sempre. Eu vim aqui falar sobre alienígenas e vou falar. Não importa onde, Star Trek, Star Wars, Avatar, Alien, Predator, livros, séries e filmes, quase todo ano temos contatos de quarto grau ao ser abduzido para ver as ficções-alienígenas. Eu, particularmente, gosto muito, mas não é esse o ponto. O que quero dizer é que o excesso de consumismo sobre a idéia fez com que as pessoas percam o verdadeiro interesse por alienígenas. Muitas pessoas vão ao cinema para ver os mocinhos matando os "monstros" e beijando a mocinha no final. Ou para ver derramamento de sangue, explosões e levar susto. Tudo bem que tudo isso é legal, mas e a história por trás disso tudo? E "Eram os Deuses Astronautas?"? E os casos de OVNIs, abduções, encontros de primeiro, segundo, terceiro e quarto grau?

Certo, podem vir dizer que são mentiras sem fundamento e blá-blá-blá. Mas não é bem assim. Como disse no post "Religião", eu leio de tudo um pouco e eu posso dizer que muitos dos contatos tiveram como alvo pessoas importantes e confiáveis, como militares e clérigos.

Sem contar que, comigo, estão os números. O próprio cientísta e deus-nerd, Stephen Hawking acredita que há vida fora do nosso esferóide azul.

Então, meus caros, se até O Cara acredita, me desculpem, mas opiniões sem fundamento ou baseadas na Bíblia não vão fazer efeito. Aceito apenas opiniões racionais.

P.S.: Falando sobre a Bíblia, até nela há passagens que possivelmente falam sobre alienígenas. Talvez um dia escreva sobre isso.

Live Long and Prosper.

domingo, 7 de novembro de 2010

Evolução X Estagnação

Desde o começo da História, o trabalho é nossa ferramenta. Utilizamos dela para conseguir tudo que nos é caro: moradia, alimentação e proteção.

Quando vivemos sozinhos, porém, todo o trabalho cai sobre nossos ombros; assim, optamos por conviver em grupos maiores onde o trabalho pode ser dividido para o lucro de todos. Será? Embora desde os primórdios o trabalho e seu respectivo lucro tivessem como objetivo o bem de toda a comunidade, não é bem isso que acontece em alguns casos.

Considerando-se que a Lei Áurea (decretando o fim do regime escravocrata) foi assinada em meados de 1888, ainda há um grande contingente populacional que faz parte desse grupo de escravos. Trabalham exageradamente e o único quid pro quo que recebem é uma péssima moradia e um pouco de comida, estagnados no período colonial.

No extremo oposto à escravidão, temos as mulheres no poder. É vergonhoso pensar que para elas conseguirem o que lhes é de direito, tivessem que queimar peças íntimas em parques e praças públicas. Elas forçaram, com toda a razão, sua entrada definitiva no mercado de trabalho e, prova disso, hoje temos uma mulher no poder, uma Presidente do Brasil. As eleições de 2010 sugerem que usar saias não é sinônimo de fraqueza.

Posto que, por muitos anos, os estadunidenses foram um dos povos mais racistas do mundo (com ônibus, ruas, bairros e até bancos especiais para brancos onde nenhum negro ousava pisar com pena de ser linchado ou preso), a vitória de Barack Obama indica que para tudo há uma solução. Talvez, um dia, os escravocratas modernos de todo o planeta percebam que, quando se está feliz, quando não se está sendo oprimido ou ameaçado, o ser humano trabalha melhor, é mais criativo e mais produtivo.

domingo, 31 de outubro de 2010

Odiar o desconhecido.

Taí. Taí a pior das qualidades que definem o homo sapiens sapiens.

Vou te contar, o que mais me irrita nas pessoas é a mania dumau de odiar o que não conhece. "Ah, odeio Harry Potter!", "Odeio Star Trek!", "Odeio ler!", "Ih... não gostei daquele menino novo!". Esses são alguns exemplos que fazem meus olhos ficarem vermelhos da cor do céu de Vulcan.

É sempre assim! Eu me pergunto, como diabos uma pessoa pode odiar algo (ou outra pessoa) sem dar chance àquilo? E o pior! Elas criam uma carapaça tão grossa sobre não gostar que mesmo tendo a oportunidade não tentam conhecer.

Meu primeiro encontro com um Desgostoso (é como chamo as pessoas que desgostam de tudo que não entendem) foi quando era bem pequeno. Na minha cidade eu tinha sido um dos primeiros a ler Harry Potter e virei fã na hora. Sabe como criança é, vira fã e sai contando para todo mundo querendo fazer clubes e brincar sobre aquele tema. Pois é. Foi minha primeira decepção. Quase ninguém conhecia Harry Potter. E os poucos que conheciam (aqueles tipos que vêem a capa e acham que conhecem) já tinham a maldita carapaça comum os Desgostosos e por mais que eu tentasse contar a história, mais grossa ficava a carapaça. E o mais estranho é que depois de dois anos, todo mundo amava e, mesmo assim, eu ainda era martirizado por gostar desde o princípio. É como se não seguir modas fosse uma coisa ruim.

Anyway, achando que as pessoas cresceriam no mesmo ritmo que eu, imaginava que nunca mais poria os olhos em um Desgostoso. Ledo engano. Até hoje, repito, até hoje, me deparo com Desgostosos de grosso calibre. Daqueles que não satisfeitos em desgostarem de uma obra, desgostam de todo um meio. Tipo: "Ah, odeio Star Trek... isso significa que odeio ficção científica, o que quer dizer que todo filme/livro/série que tiver uma nave espacial vai ser ignorado por minha suprema ignorância."

Eu, por exemplo: Li toda a série Crepúsculo e posso dizer: Aquilo é uma bosta. Pronto! Taí uma opinião que deve ser levada em conta. Eu sou fiel aos meus princípios. Só critico coisas de que tenho profundo conhecimento. Ver/ler/assistir/conhecer só uma parte não serve.

Fikdik para quem me conhece e é um Desgostoso assumido: Se eu falar de algo que você desgosta, mude de assunto.

Pais e reencontros.

Para mim há dois tipos de encontros: Os bons e os ruins. É, às vezes eu sou simplista mesmo.

Vou colocar vocês à par da situação: Há 12 anos, mais ou menos, mamãe e papai se divorciaram. Por uns dois anos (no máximo) papai continuou me visitando. E depois parou. Disse que ficava caro se deslocar de quinze em quinze dias do Rio de Janeiro (Capital) para Miguel Pereira (Cidade do interior do Rio). Mamãe me deu duas cadelas, que eu nomeei de Bolota e Bolita. Vovô se tornou meu verdadeiro pai. Moramos, desde então, eu, mamãe, vovó e vovô.

Agora, como disse no post anterior, completei dezoito anos e na visão de papai eu não mereço mais o único salário mínimo que recebo dele. E então começa: Antigos conhecidos de minha mãe aparecem nos nossos orkuts, querendo retomar contato. Uma colega de escola do meu prézinho tenta a mesma coisa. E por fim, meu Nêmesis, meu Darth Vader, meu pai (Olha, eu sou o Luke!) em pessoa aprende a usar as teclinhas, faz um orkut, coloca um par de fotos minhas e de minha mãe e me adiciona. No dia do meu aniversário. Sem me dar o menorzinho que seja de um "Parabéns, pivete"! Não que faça falta para mim, mas se ele não queria pagar a pensão, porque não ficou na dele? De qualquer maneira, minha outra dúvida é quem diabos ensinou o tapado a usar um computador. Deve ter sido o Chuck Norris, porque só para ensinar o movimento lunar já foram horas gastas, usando laranjas.

Anyway, isto é um exemplo de um encontro ruim. Digital, mas mesmo assim, ruim, porque não é proveitoso para nenhum dos dois. Agora, imaginem a cena: Show do Paul McCartney, dia 21 de Novembro de 2010, no Estádio do Morumbi, reencontrando minhas duas tias maternas e meu primo. Isso é um encontro bom. Sem brigas, conflitos ou nada assim. Apenas curtir boa música, com gente boa.

Ah, antes que me perguntem, neguei meu pai e todos os outros malditos contatos indesejáveis. Vida Longa a Paul McCartney. Nós somos pacíficos. Sempre. ("V")

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dezoito anos.

Sexta-feira. 12:37, Ponto de Ônibus do Parque Halfeld em Juiz de Fora, Minas Gerais.

Um observador discreto houve uma discussão entre dois espécimes do sexo feminino, provavelmente mãe e filha.

-Mas mãe, eu tenho que ir no JFFolia! -Diz, notavelmente irritada, a jovem.
-Você tem mesmo é que estudar, Rafaela! -Contrapõe a senhora, com uma das mãos na cintura. Mau sinal.
-Aff, mãe, fala sério!
-Aff, filha, estou falando sério! -Sarcasmo. Toda boa briga começa com um sarcasmo.
-Ai, Deus, ainda bem que faço dezoito anos daqui a um mês e duas semanas, aí isso acaba.

Ôpa, pó pará. Devem ter percebido que o "observador discreto" sou eu (se bem que não sou bem discreto, mas de qualquer forma...). Esta história é baseada em fatos reais. O nome foi modificado para manter a privacidade do objeto em estudo.

Quem lê essa bagaça (se é que alguém lê) deve saber que sou novinho. Tenho 17 anos, o mais novo da minha turma desde que me entendo por gente. Ipso facto, deve ficar anotado nos diários de bordo que minhas opiniões sobre esse assunto não tem base científica, é restritamente baseado na observação dos fatos. Completo a idade penal do último dia do mês de outubro. Sim, é dia das bruxas e sim, isso explica muita coisa da minha personalidade (principalmente os posts do Fera-Humana).

Através de incontáveis anos de pesquisa (LoL) concluí que o aniversário-penal é super-valorizado (e que se dane a reforma ortográfica do Lula). Eu o vejo como mais um ano de minha vida, como vejo todos os outros, com o triste adendo de que agora você pode ser preso e surrado por marginais e policiais na cadeia. E, sinceramente, isso é mais um ônus do que um bônus.

Ok, nem tudo são acúleos (isto é, os "espinhos" da rosa). Podemos ir a shows que antes só poderíamos ir com um responsável, yey! Mas sinceramente, não ligo muito para isso. Afinal, isso aqui não é Os Simbiontes - Os Delírios de um Nerd? Pois então, a única vez que me ressenti pelo fato de ser menor de dezoito anos foi quando não pude ir ao show do Beatles Forever, no Cultural. Mas e daí? Todo 25 de dezembro tem show deles, ora!

E outra coisa: Todas as coisas que são para maiores de idade você já experimentou, quase com certeza (à excessão dos nerds que são...bem... nerds demais para isso estou nesse grupo). Já bebeu, já fumou, já se drogou... etc. Então, porque diabos, vocês esperam tão ansiosamente o décimo oitavo aniversário? Tão ansiosamente que nem curtem o décimo sétimo. Nem falo no décimo nono, porque depois da decepção que foi o décimo oitavo, você entra em depressão, relembrando os bons tempos não vividos. Ora, faça-me o favor!

Não sei se vocês sabem, mas a maioria das pessoas com 17 para 18 anos não tem autonomia. Nem financeira nem mental para morar sozinho, bancando todas as contas, sem ajuda dos progenitores. Então, se você quer que alguma coisa mude, sente suas nádegas em uma cadeira e estude para, quando você estiver pronto, você poder ser "auto-suficiente".

Mas, como sei que se conselhos fossem bons seriam vendidos no camelô, vai na fé, champs, sua vida vai mudar completamente quando tiver 18 anos.


UPDATE:

Eu estava certo, não mudou porra nenhuma, não evolui para Viníciuschu nem nada assim.

sábado, 9 de outubro de 2010

R.I.P - John Lennon

"Os bons morrem jovens". É, acho piegas também, mas fazer o quê? É a mais pura verdade.

Se você me conhece pessoalmente e lê as notícias (nem que seja o MSN Hoje), deve saber de quem estou falando. Óculos redondos, cabelos despenteados, famoso, contorverso, alguns o viam como herói e outros como bandido. Não, não estou falando de Harry Potter nem de seu pai, estou falando de John Lennon.

Eu sei, não estou com inspiração para escrever, devia voltar a ler Crônicas de Nárnia em vez de vir aqui e defecar pelos dedos, mas eu estou de luto e quando estou de luto, penso muito e quando penso muito, preciso escrever. Então, que se dane que o blog é meu.

Eu vivo me perguntando e nunca consigo a resposta. Não sei, eu devo ser um tipo de retardado, ou o mundo é que é. Como alguém simplesmente mata seu ídolo? E junto mata o ídolo do mundo inteiro! Quero dizer, caramba! O cara era um pacificador, queria todos felizes, em uma sociedade justa, não queria que a Guerra Fria acabasse com mísseis voando sobre nossas cabeças. Que tipo de ameaça ele era? A paz, não era o que todos queriam, no fundo? Não queremos, todos, que ninguém passe fome? Não queremos, todos, dar as mãos e admitirmos que não há diferenças entre nós? Então porquê, porquê matá-lo?

Eu posso dizer, hoje, que aqueles cinco tiros não só o mataram. Mataram também alguma coisa dentro de todos nós. Mataram grande parte do amor que temos em nosso coração e nos fez ver o cenário agreste do futuro.

R.I.P., John.

domingo, 26 de setembro de 2010

Religião

Já me perguntaram trocentas vezes para que time eu torço, se sou de direita ou de esquerda, otimista ou pessimista, hetero ou homo, mas qual a minha religião? Eleve tudo isso à oitocentos e quarenta e oito e vai ter o número aproximado.

Eu não tenho certeza, mas eu acho que tenho cara de pagão ou de satanista. Deve ser meus cordões e anéis. Breve explicação para quem nunca me viu: Eu uso um anel atlante, um escapulário com uma estrela de cinco pontas e um Tetragramaton, carrego na carteira imagens de santinhos que mamãe e vovó me dão, leio livros sobre misticismo, OVNI's, já li a Bíblia, e vários outros livros de outras religiões. E as pessoas ainda acham que sou ateu, agnóstico, pagão ou satanista. Não que me incomode, claro, por mais que pareça piegas, respeito todas as religiões que não tentem sugar meu cérebro e me fazer acreditar no que elas pregam. Não, o que me deixa pensativo é que não importa o quanto eu diga minhas crenças religiosas, as pessoas continuam perguntando. Então resolvi escrever este pequeno informativo aqui, sempre que me perguntarem, vou dar o link do post, economiza saliva.

Eu não sou ateu, agnóstico, pagão, satanista, católico, hindu, espírita, hare krishna, budista, crente e muito menos acho que o Maradona é Deus (Pasmem!). Não, não sou nada disso. Costumo dizer que faço um compilado de todas essas religiões (com excessão da igreja maradoniana, claro, com todo o respeito). Não acho que há uma religião que implique todos os meus pensamentos sobre a vida e a morte e, sinceramente, não me incomodo com isso. Sempre gostei de ser um pouco alienígena (como o Spock de Star Trek - The Original Series) ou andróide (como o Data de Star Trek - The Next Generation), diferente dos outros.

Mas por meios de dados estatísticos e profundos estudos (lol) cheguei à conclusão que a religião mais próximia às minhas crenças seja o espiritismo (que é mais doutrina que religião, mas tanto faz). Mas tem coisas que não concordo também, então eu fico com meus estudos. Afinal, quem é que sabe tudo?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Fera-humana 2

Como se eu fosse tentar refrear aquele instinto que tentava me dominar com todas as forças...

Meu "eu-lunar" era como uma coruja. Ficava parado, escondido no mundo do meu cérebro, mas quando eu menos esperava -ou fingia menos esperar- ele saltava com tamanha fúria e paixão que eu não podia e nem queria pará-lo.

Cinco semanas decorreram-se sem mais incidentes dignos de nota após o caso do Magnata que eu confessei em rabiscos confusos no meu caderno de anotações. Eu achei que aquilo deveria ter sido o que chamávamos, no Direito, de Crime Passional (e a paixão era por justiça). Meu "eu-solar" tentava me convencer que fora um caso à parte, que aquilo nunca mais viria a acontecer, que o cheiro de cobre do sangue dos injustos nunca haveria de banhar minhas roupas novamente -roupas essas que nunca mais encontrei- e que eu havia de contentar-me com aquilo.

Mas eu sabia que não era assim... sabia que em breve, muito breve, minha fera-humana saltaria, rugindo, por cima do corpo de um injusto.

Foi dois dias após o aniversário de cinco semanas do meu primeiro crime que aconteceu. Um outro crime, dez vezes mais hediondo e o pior, sem propósito algum: Cansado de pagar pensão, um companheiro de classe, advogado, matou seus filhos gêmeos de 5 anos afogados na banheira. Não haveria um julgamento completamente justo do caso. Ninguém faria com ele o que ele fez com os filhos. Não era assim que nosso governo trabalhava.

No instante em que li aquilo no jornal, minhas mãos começaram a tremer. Depois de um minuto eu as contive. Joguei o jornal no lixo da rua sem ler mais nada. Mais uma vez tive um apagão e quando eu acordei, estava deitado no chão de minha sala. Levantei-me e notei duas sacolas, uma continha luvas pretas e a outra, roupas brancas, novinhas, em uma compra que não me lembrava de ter gasto 117 libras. Por mais que ainda fosse crepúsculo, meu "eu-solar" não tinha poder algum sobre mim agora. Vesti-me lentamente, colocando por último as luvas. Conscientemente, me perguntava como acharia minha vítima, mas inconscientemente eu já tinha a resposta. Saí quando a noite se iniciava. Andava a passos largos, punhos cerrados, desviando das pessoas que encontrava pelas ruas úmidas. Agora um estalo em minha cabeça trouxe a mensagem de meu inconsciente para meu consciente e eu sabia onde Carl Montgomery estava. Segundo o texto do jornal ele havia matado os filhos impulsivamente, às sete horas da noite. Tomando isso pelo fato e considerando-se que a casa dele estava sitiada e as investigações ainda não haviam começado em favor da greve na polícia, eu tinha certeza de onde ele estava. Como ele não tinha casa de veraneio, devia estar no único lugar seguro para ele, na casa dos covardes: na casa da sua mãe.

As mães sempre são facilmente enganadas pelos filhos. Principalmente quando este filho paga-lhe as contas. Mas não fazia sentido! Como diabos eu sabia onde era a casa? E me recordei... em meu apagão eu fiz uma pequena investigação. A casa vitoriana de Miss Montgomery, sempre florida e iluminada, estava fechada e, aos fundos, tinha as linda begônias completamente amassadas, perto de uma janela. Ele estava lá, com certeza. Uma hora se decorreu até que eu cheguei na casa, arfando a blusa colada ao peito, o vento frio fazendo meus pulmões reclamarem. Sorrindo, entrei pela janela que havia sido forçada por Carl. O imbecil, por medo de ser pego, arranjou um jeito fácil de ser morto.

Esgueirando-me pelo corredor comprido da grande casa, vi que a velha senhora dormia de porta aberta. Estava sem seus aparelhos auditivos. Sorri abertamente e fechei a porta com cuidado.

Demorou um pouco para eu descobrir que Carl dormia no porão, como um rato. Queria ver o medo em seu rosto, então, preparado para um grito, cutuquei-o.

-Ora, ora, vejam se não é o pai do ano! - Antes que ele gritasse qualquer coisa, soquei-o em cheio na boca, partindo-lhe alguns dentes. Segurei sua garganta com força até que ele desmaiou, sem ar. Respirando fundo, ergui-o e subi as escadas até o térreo. Saí pela garagem e coloquei-o no carro, preso por um lacre plástico. Liguei seu carro e ia sair, trancando a porta, quando disse: -Não se esqueça, pai do ano, a morte por sufocamento é a mais terrível de todas. -Saí a passos curtos e eufóricos para a calada da noite. Dois dias depois, meu porteiro comentou comigo:

-Viu o que descobriram? Aquele pai que matou os gêmeos afogados? Encontrado morto na garagem da mãe. Sufocamento por carbono.

-Verdade? -Perguntei, fingindo admiração.

-E eu acho bem feito, sabe? Dizem que foi suicídio. Burrice, ele tinha os dentes quebrados e marca de soco no rosto. Acho que um justiceiro fez seu trabalho nele. Pois pode apostar, que se eu o encontrasse, apertaria-lhe ambas as mãos!

Sorrindo, subi as escadas para meu apartamento.

Insônia

Estou com insônia. Não sei por quê. Acordei ao meio dia, o que é cedo para meus padrões. O foda é que tenho aula amanhã às sete e dez. Mas e daí? Eu posso dormir de tarde, se eu não tiver insônia, é claro.

Quando eu tenho insônia, não me sinto como os outros descrevem. Não sinto que o mundo para de girar e que só eu estou acordado. Também não sinto vontade de fumar, já que não sou fumante. Nem de beber café, que, argh! eu odeio. É mais como se eu me sentisse "menos menor" -abusando da licença poética- em relação ao mundo. Como se, já que as mentes nesse lado do planeta estão entorpecidas pelo sono -e eu, ligadão-, eu tivesse mais espaço para pensar o que eu quero. Não é tão ruim ter insônia. Ruim é ter de ficar paradinho tentando dormir para não acordar quem tá do seu lado.

Legal é que hoje, além de insône, estou com uma ardência desgraçada na garganta. Tudo fruto, como sempre, do meu vício pela leitura. Quero dizer: sempre que espirro é porque estou lendo um livro muito empoeirado; sempre que sinto dor de cabeça é porque estou lento muito; sempre que sinto ardência na garganta é porque li muito para outras pessoas, no caso, vovó e mamãe (Li Os Mensageiros para elas e As Brumas de Avalon 3 - O Gamo Rei só para mamãe.) Esse é o problema de se ter uma boa dicção e leitura... na escola, desde pequeno, quando a "tia" tinha preguiça, mandava que eu lesse os exercícios ou textos.

Nota: essa semana foi uma bosta para mim, estou todo moído e por isso não tive chance de postar. Só estou escrevendo aqui porque meu cérebro não para de me mandar ficar alerta.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Fera-humana

Ao bater das dezoito horas, o céu escureceu.

Quando anoitece, os cães uivam para a lua e as máscaras caem dos rostos humanos. O sorriso amarelo torna-se um sorriso oblíquo de prazer, de libertação. A alma humanóide grita por liberdade durante todo o tempo que o Astro-Rei se mostra. Mas basta este se esconder que o coração salta mais forte.

É sempre assim. O falso bem vive à claridade do dia, mas o verdadeiro mal, aquele mal que rasga a pele dos seres humanos permanece oculto até o primeiro raio de luar. Basta que este chegue para que as lâminas reluzam à sua luz e que as roupas tinjam-se de rubi.

Eu não sei se é assim com todos, mas comigo é. Eu sou um falso-qualquer-um de dia, a barba a fazer, o olhar caído, os cabelos enbranquecendo-se e o sorriso amarelo sempre presente. Mas ao chegar da noite... bem, ao chegar da noite eu me transformo. Eu viro uma fera-humana, como nas histórias de lobisomens, mas sem sair da minha pele. Como se o calor do sol desse lugar ao frio noturno, meus cabelos se arrepiam e eu tenho uma sádica sede por caos.

Não me lembro muito bem de quando isso começou. Só lembro que foi no dia que perdi meu primeiro caso em um tribunal. Não sei muito bem porque escolhi ser advogado criminal. Acho que no fundo, bem no fundo eu sabia no que eu ia me transformar e bem... sendo um advogado a situação torna-se bem mais fácil.

Ah, sim, agora me lembro. Eu não perdi meu primeiro caso... eu fui humilhado no meu primeiro caso. Meu cliente pegou perpétua e eu sabia, sabia que ele era inocente. Alguma coisa se quebrou dentro de mim naquele dia. Não faço idéia de como cheguei em casa, mas eu só lembro do badalar do meu relógio antigo anunciando às oito horas da noite.

Levantei-me, como compelido por um sopro do diabo. Vesti uma roupa toda branca que me deixava parecido com um fantasma loiro. Vesti luvas de couro negro e peguei a maior faca da cozinha. Eu já tinha tudo em mente, mas, digamos, meu "eu-solar", aquele advogado bonzinho e maria-vai-com-as-outras, fingia que eu só estava saindo para passear, levando a faca porque a cidade era muito violenta à noite. Ingênuo.

Meu "eu-lunar" não se interessava pelo meu "eu-solar". Na verdade, ele o ignorava sumariamente. Estava de noite e era ele que comandava meu corpo. Caminhava a passos largos, a faca bem escondida em meu cinto branco. As pessoas fingiam não me notar, mas se eu me interessasse por elas e olhasse para trás, veria seu olhar indagador para aquele fantasma de mãos negras.

Mal havia saído de casa e estava onde queria estar. Na frente de uma casa ricamente arquitetada, branca, daquele modelo idiotamente puritano que toda a casa de subúrbio da América do Norte tinha. Meu "eu-solar" já havia ido dormir. Não tinha mais influência alguma sobre mim. Fechei as mãos e os dedos protegidos pelas luvas negras, estalaram.

Este dia foi marcado de um prazer embriagado que não me lembro bem, como em um sonho erótico. Eram apenas flashes. Uma mão negra segurando uma faca, atravessando algo macio. Um som de rasgar e o pequeno gorgolejar manchando a roupa branca de vermelho. Sorrisos. Noite. E finalmente o pálido dia.

O raiar do sol foi como um tapa em minha cara. Eu estava nu, deitado em minha cama, os músculos doendo. Sentia-me como se estivesse de ressaca. Vesti-me. Fui até a porta e recebi os jornais. Precisei me segurar nas paredes finas do corredor ao ler a manchete "Magnata vencedor do processo decorrindo ontem é encontrado morto em sua própria casa" e saber que eu tinha feito aquilo. Não era um sonho. Sorri. Era o raiar de uma nova noite.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Deserto d'alma.

"Mas quando tudo falta ao homem, quando ele se vê sem recursos, no momento em que pensa chegada a hora de sucumbir de dor, manifesta-se então a intervenção da Providência" - Jules Verne, Os Filhos do Capitão Grant. Na Austrália Meridional.


Caminhava, passos trôpegos. Vento quente em seu rosto, seu corpo não mais parecia ter água para desidratar-se. Seus olhos turvavam-se e ele já não dava atenção às miragens.

Aquele deserto sem fim parecia ser dele. Como uma área cercada, protegida até mesmo de abutres. Ele se sentia vazio de fome e de alma. Via o mundo como se esse tremesse a cada passada dele. Finalmente ele desabou e caiu, a boca enchendo-se de areia. Tossindo como podia, seus pulmões tentando fazê-lo sobreviver, ele permaneceu deitado no manto quente e liso de areia. Não havia sequer uma pessoa para lhe estender a mão. Não havia uma só gota de água para que pingasse nos lábios. Ele estava só naquele deserto particular.

Conjecturando sobre os motivos de ali estar, ele entendeu. Nunca estivera lá para estender a mão a alguém. Negara água e comida a um idoso morador de rua. Fora cruel com os amigos que tentavam lhe mostrar isso e era oportunista sempre que lhe havia a ocasião de sê-lo.

"Por Deus, estarei eu, no Inferno? Minha alma clama por ajuda. Sei que fui mal e não a mereço, mas Pai, eu preciso de sua proteção. Dai-me coragem para redimir-me. Dai-me a oportunidade."

Clamava aos sete ventos de seu deserto particular que começava a escurecer. Nuvens densas juntavam-se no zênite. Ele sentiu o vento resfriar e logo em seguida a chuva cair. Estava lá, portanto, a ajuda da Providência.

Carlos acordou de sopetão, o peito ofegante, úmido de suor, como se realmente tivesse tomando um banho de chuva. Seu peito ainda parecia cheio de poeira. Ele sorriu, depois de muito tempo. Levantou-se e foi cumprir sua parte no acordo que (ele bem sabia) fizera, não com Deus, mas com seu coração empoeirado pelo seu deserto particular.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Liberdade de Expressão? Pra quê?

Eu estava pensando aqui... não é esquisito como às vezes, só usamos as coisas ruins de um todo? Você deve estar se perguntando se eu fiquei doido, mas repara só: usamos as palavras para iniciar uma guerra, quando podemos iniciar alianças. Usamos o estudo para superar os outros, quando podemos usá-lo para melhorar o que nossos ascendentes fizeram desse mundo. Usamos o sorriso para ironizar quando podemos usá-lo para auxiliar uma outra pessoa. Usamos os esportes para ver quem é o melhor, quando podemos usá-los para manter a saúde e se divertir. Usamos a mão para socar, quando podemos usá-la para cumprimentar. E etc, etc, etc.

Ok, é uma coisa natural, instintiva, e essa é a palavra. O que separa os homens dos babuínos é a capacidade de seguir uma linha contínua de raciocínio, muito embora algumas pessoas divergem para trocentas outras linhas em dez segundos, como eu. Bem, se podemos seguir uma linha de raciocínio, podemos também burlar a droga dos nossos instintos. Não precisamos rosnar cada vez que alguém "invade seu território". Nem fechar os pulsos e ranger os dentes se alguém faz qualquer coisa que não te agrade. Por quê? Porque nós podemos raciocinar. Todos nós podemos raciocinar! E isso não é a porra de um privilégio de uma classe, raça, religião ou time de futebol! Não! Todos nós, do mais rico ao mais simples, pode raciocinar. Então o fato é que podemos burlar nossos instintos e fazer de cada coisa, uma experiência nova e que leve a algum lugar. Todos podemos ver o lado bom das coisas. Todos podemos aprender com as coisas que o Destino nos faz passar.

Na verdade, o que me fez pensar sobre isso tudo foi uma discussão que ocorreu na minha classe. Não sei de onde surgiu o assunto, só sei que começaram a xingar e praguejar contra o golpe militar do Brasil. Como se fosse uma coisa que estivesse muito diferente de hoje.

O que difere o golpe dos dias atuais é que as coisas eram feitas às claras. Note que não estou defendendo nenhum ponto de vista, apenas dizendo o que penso sobre a radicalização. As coisas mais imbecis do golpe permanecem até hoje. Voto Obrigatório e Serviço Militar Obrigatório. Tem coisa mais ridícula do que o Serviço Militar Obrigatório? Tanta gente precisando desse "emprego" e eles colocam quem menos quer para ir lá e fazer as piores tarefas obrigado. Em um país dito democrático. Puta merda. ¬¬

Eu assisto CQC, sabe? E de uns tempos para cá tem rolado muita censura para eles. Por quê? Porque eles mostram a verdade e a esfregam na cara dos corruptos? Porque eles ironizam os coronéis que se chamam de políticos? É, agora é proibido fazer qualquer sátira à politicagem. Digo politicagem, pois é uma política obscura e por baixo dos panos. Eles queriam proibir o livre acesso à Câmara! Pelo amor de Deus, olha a Censura aí, gente. Tarja preta na boca dos humoristas e repórteres e as pessoas chamam isso de democracia? Não, isso não cola comigo. Até palavrão é proibido de falar, no  ESTÁDIO DE FUTEBOL! Quero dizer, agora os fanáticos por esporte não podem gritar e espernear o quanto quiserem nem se pagarem preços absurdos?

Por essas e outras que eu não resisto quando alguém me diz que isso aqui é uma democracia. Tá certo que não é nenhuma Coréia do Norte, mas estamos bem longe de sermos livres.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Poder do Invisível.

Não sei se sou o único no mundo, mas sempre paro para pensar na história da mente humana... sei lá, é uma coisa um tanto obscura, não é? Mas que se dane, quero falar disso.

Pensar sobre os problemas do mundo pode ser doloroso para alguns, triste para outros, divertido para alguns outros e até um meio de conseguir poder na visão de outros. Para mim é só um tempo que eu tiro para avaliar a que ponto chegamos apenas por não conseguir ver o que acreditamos que exista.

Fico imaginando como seria o mundo se não houvesse religião, como na idéia do mestre John Lennon em Imagine. Sinceramente, não sei se (na condição da mente humana de hoje) seria uma coisa boa. O que impede muitas das pessoas de fazerem o que suas perversões e sua mente suja lhes manda é o medo de um castigo celestial depois de morto. Assim sendo, se as religiões não existissem para botar medo nas pessoas, isso aqui poderia estar bem pior. E mais vazio. Não sei se o mundo ia ter tanta gente se não houvesse o perigo do Inferno/Submundo/Purgatório do Penadinho. Isso me assusta, porque quando penso nisso, divago sobre como as pessoas vêem Deus/Alá/Buda/Alienígenas/Força Celeste/Zeus. Tipo, um cara sádico sentado num trono de ouro pronto para destroçar a alma do primeiro que cobiçar a mulher do próximo? Sinceramente, não vejo a vida assim. Eu não quero que ninguém se deixe influenciar pelo que acho, mas penso em coisas completamente diferentes do antônimo do Papai Noel descrito acima.

Para mim, você cria seu próprio inferno, sabe? Na sua consciência, dentro de sua alma, vivo ou morto, você vai ter que encarar-se. Vai ter que buscar um jeito de atravessar o mar de fogo que há dentro de você. Sofrer cada palavra de raiva que jogou ao próximo, cada sarcasmo, cada sadismo, cada vez que se deixou levar para o lado negro da Força. Mas tudo isso, dentro de sua alma, não no céu ou no inferno. Não! Você não é Julio Verne para explorar o Centro da Terra ou passar Cinco Semanas em Balão, sobre as nuvens, tocando sua harpa. Você é uma pessoa comum que tem que lidar com seus problemas e sua carga negativa. Não vai passar a morte arrastando correntes por casas abandonadas. Vai ter de cortar suas correntes imaginárias. Para mim, a grande palavra não é Celeste e sim, Consciência.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Zumbis e coisas apodrecendo.

Não, não vou escrever um conto épico de sobrevivência zumbi, mas é uma boa idéia pra depois... É sempre bom ensinar para as pessoas como elas devem se proteger depois de 2012 =P. Mas então, eu não tenho déficit de atenção, embora pareça. O problema é que meus dedos não acompanham meus pensamentos.

Na verdade eu vim falar sobre zumbis de um modo mais artístico: The Walking Dead. Cara, se você nunca leu, eu sugeriria. É uma série de hq's sobre a vida após o apocalipse zumbi. Acaba de chegar na edição 75 e o autor disse que tem em mente, até o momento, até 150 edições! Ele conseguiu salvar meu dia (que não foi lá essas coisas) com essa notícia.

Então, a Vertigem HQ, site de compartilhamento de hq's, traduziu tudo fielmente a seu público (com ocasionais atrasos), o que fez meu respeito pelo grupo de tradução crescer. E eles acabaram de lançar a edição comemorativa nº 75! Ela vem com a continuação da saga (obviamente), uma entrevista com o criador da série, uma carta de fã antiga e a resposta do criador, dizendo que se a revista chegasse ao número 75, ele provavelmente estaria sem imaginação e ia colocar alienígenas na história. Todos riram. Mas ele falou sério! Quer dizer, mais ou menos, já que foi uma história à parte, colorida (toda a série é em preto e branco), contando do maléfico plano alien. Ficou muito bom e deu pra matar saudades de alguns personagens. Além de tudo isso, ainda veio com um promocional com as fotos dos personagens e alguns zumbis, caracterizados para a série de televisão que estréia no dia do meu aniversário (puta presentão *-*), 31 de outubro, dia das bruxas.

Se alguém se interessou, aqui vão os links:
01 à 38
39 à 56
57 à 75

É isso aí, galera, o enredo é realmente muito bom e foge aos clichês de passar a vida atirando em zumbis, assim como os desenhos, realistas. A história toda é mais sobre como as pessoas reagem ao fim da sociedade que conhecem. E isso é incrível. Só lendo para saber.

Ah, se gostarem de histórias de zumbi, acessem o Desmorto, da onde tirei minha plataforma para esse texto puxa-saco.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eu e o Olimpo.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou viajar o mundo, montado em um suspiro de Zéfiro.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou mergulhar em paixões, semeadas por Afrodite.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou caminhar entre os destroços da guerra de Ares.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou passar dias nas bibliotecas de Atena.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou ler cada mensagem de Hermes.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou correr nu pelos campos de Diana.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou ver a ira de Hera.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou admirar o trabalho incrível de Hefesto.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou sentar em campinas verdes e observar os trovões de Zeus.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou sentir o cheiro refrescante dos mares de Poseidon.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou me deitar nos braços de Perséfone.

Quando eu morrer... quando eu morrer vou ver o Sol ser carregado por Apolo.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou ver a noite de sonhos chegar, trazida por Morfeu.

Quando eu morrer... quando eu morrer eu vou tentar fugir do submundo de Hades para que eu possa ver tudo isso enquanto eu estou vivo. Aproveitar cada segundo de minha pequena existência neste mundo para observar as maravilhas e maldades dos deuses, sem querer tirar nada de ninguém... apenas eu e o Olimpo.

[Re]Começo

Parafraseando-me:

"Com relação ao nome do Blog, segundo Silveira Bueno:

Simbiose: s.f. Associação entre dois seres vivos na qual há benefícios recíprocos, vida em comum.

Bem, é uma relação intra-específica harmônica, como diz meu velho e empoeirado livro de biologia. Momento Wikipédia. Mas não, não é sobre biologia que vamos tratar. Até por que tento esquecer a escola em meus textos. Pois bem, levaremos o título por: uma vida em comum onde há reciprocidade."
 
Eu tinha um blog. O nome dele era Simbiose (http://www.simplesbiose.blogspot.com.br/). Só que eu, em toda minha inteligência, perdi a senha e meu parceiro de trabalho também. Há! Pegadinhas da Fortuna, aquela deusa cega e fanfarrona que vive jogando graças e desgraças desregradamente.
 
Mas então, eu tenho mente hiperativa e corpo sedentário, então eu preciso exercitar minhas habilidades mentais (tipo um jedi). É, eu sou meio nerd e... droga, estou me desviando do assunto. A questão é: Eu preciso escrever. Escrevo, logo...existo. Então cá estou eu, feliz, lépido e fagueiro, querendo colocar minhas idéias absurdas em uma página na internet. Se alguém ler, me desculpe por ser tão estranho. Se ninguém ler... bem, isso é pra mim mesmo...
 
Pois é, eu expliquei o que significava Simbiose mas não expliquei Simbionte, que é, afinal, o nome deste blog. Simbiontes são exatamente os seres que participam dessa relação mútua.
 
Ok, já me alonguei demais para uma apresentação. Obrigado e tenham uma vida longa e próspera!