segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ensaio sobre os sentimentos.

Já fazia tempo que não falava de como me sinto aqui, não que alguém realmente se importe. Na verdade, nem sei se alguém lê isso aqui. Mas dane-se, faz tanto tempo que tudo mudou.

Quem me conhece de verdade sabe que na época de RPGs de orkut, eu estava lá. Tinha alguns personagens, a maior parte de Harry Potter, mas haviam personagens criados por mim, como detetives também. Foram nesses jogos que encontrei algumas das pessoas mais importantes hoje em dia para mim e não me arrependo de ter perdido um tempo enorme da minha adolescência no PC

Mas algumas pessoas são mais especiais que outras. O Nevs, principalmente, está comigo desde o começo, quase. Postava comigo no Simbiose, mas agora não liga mais para os blogs, só quer saber de sua aquarela.

Mas hoje em dia, quem eu mais me comunico, é quem é mais importante para mim depois de minha família. Por incrível que pareça, eu a conheci quando era uma Alice, um char de, pasmem, Crepúsculo. Era para não termos nem nos aproximado, até porque eu nem conhecia a saga ainda. Por causa dela comecei a ler e, admito, não gostei. Mas joguei com ela. Era como uma atração estranha. Eu, normalmente, ignoraria qualquer um com um char daqueles, mas não deu. Não com ela. Depois de um tempo nos falamos como Neuza e Vinícius. Ela entrava um dia e sumia por um mês e aquilo era estranhamente doloroso para mim. E então um dia nos falamos por telefone e ela achou minha voz (grossa demais) linda. E eu achei a voz dela (em sua opinião fina demais), linda também.

Agora nos falamos todos os dias por telefone. E eu fico esperando, meu coração apertado, querendo notícias, querendo saber dela. O que é estranho, nunca gostei de telefones, mas com ela eu os uso com prazer. Acho que minha mãe pensa que fui abduzido e que me trocaram por um clone, mas eu não acho. Só acho que estou apaixonado, o que é quase a mesma coisa.

Eu não tenho certeza se isso é normal com os apaixonados, mas comigo é assim e eu estou começando a gostar deste sentimento. Quando acordo, a primeira coisa que penso é nela e em quando vou ouvir sua voz, saber de seu dia, fazer brincadeiras... e quando ela liga e em meu celular ainda fechado aparece "Neu chamando", aquela sensação do coração parando por alguns segundos... O riso frouxo que se instala em meus lábios quando digo o primeiro "Oi, ma petit" do dia e a linha o leva rapidamente do sudeste para o nordeste do país. Ou então daquela sensação de perda quando a ligação termina e ela tem que voltar a estudar e que faz você querer por mais e mais. Não sei, devo estar condicionado a falar com ela de noite, porque quando me liga de dia, tudo isso é muito maior, somado com aquela saudade e tristeza.

Sei que é muito Anti-Vinícius dizer isso e provavelmente é porque eu fui abduzido e substituído por um clone bobão, mas eu estou adorando estar apaixonado.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Fera-Humana 9

-Rapaz, essa história está começando a ficar ruim para nosso lado. Melhor tomar providências, dizia uma voz rouca e forte que parecia estranhamente errada, visto de onde saía. Saía dos lábios de um homem em seus "trinta-e-muitos", loiro, de barba bem feita e olhos de um verde claro que, sob a luz do sol pareciam muito bem ser azuis. Olhos enganadores de uma pessoa enganadora. O homem realmente parecia alguém a ser admirado. Admirado, não. Protegido. Parecia um filhote de um animal especialmente "bonitinho" que precisava desesperadamente de uma mãe, de um protetor. Na verdade, ele não era assim. Pelo menos não agora. Podia aparentar uma beleza infantil e calma, mas os olhos verdes (no escuro eram, definitivamente, verdes) cintilavam de uma maneira cruel e impiedosa e aquela voz cavernosa realmente acentuava aquele Eu-Lunar do homem.

-Nós sabemos que não há providência alguma a ser tomada. Se nós simplesmente pararmos de tomar conta de tudo e nos mudarmos daqui, irmos, não sei, para o México ou o Canadá -nossa tia não mora no Canadá?- eles nunca vão conseguir pegar-nos. Ficaríamos livres e limpos!, a voz que saía do mesmo homem agora era completamente diferente. Era mais baixa e acanhada mas, definitivamente, doce. Seu olhar também mudara. Parecia buscar um meio para fora daquele apartamento escuro de cortinas de veludo. O Eu-Solar dele parecia um homenzinho nervoso, daqueles que se vê em desenhos animados, atormentados pelo Pica-Pau. Tinha até um tique nervoso: seus dedos da mão direita batucavam na mão esquerda incansavelmente.

Thomas Gunner era um homem dividido. Dividido em dois como o dia, parte Lunar e parte Solar. Bem, todos nós somos, não é verdade?  Mas não daquela forma. Thomas Gunner fora completamente dividido em dois por seu trabalho. Literalmente. O problema é que antes o Eu-Lunar aparecia só em situações nas quais fosse necessário, mas agora? Bem, agora ele vivia um diálogo infinito em sua cabeça. Talvez as coisas tivessem mudado pois ele dera muita liberdade para seu Eu-Lunar. Tornara-o forte. Inflava-lhe o orgulho ser uma espécie de justiceiro e não se lembrar dos pequenos detalhes sujos que aquele "serviço" requeria. Agora era tarde e todas as ações que tomava (desde acordar até que livro ler) eram arduamente discutidas pelas duas vozes (em sua cabeça -quando estava entre pessoas- ou em voz alta, quando estava em seu apartamento, sozinho). Houvera uma vez na qual a discussão fora tão dura que ambas as partes gritavam uma contra a outra, atropelando-se, fazendo Thomas engasgar e cuspir de raiva até que foi interrompido pelo bater na porta. Era apenas o vizinho com medo da briga entre Thomas e seu convidado. Não houve muito problema em dispensá-lo, afinal.

Mas agora, as mentes focadas naquela discussão sobre tomar ou não providências contra o avanço significativo dos detetives Exupéry e Champollion o deixava extremamente ocupado. Tinha casos a cuidar, mas não tinha cabeça para aquilo. Precisava se proteger antes de proteger outras pessoas, não é mesmo?

-Para quê? Porque deveríamos sair de nossa terra, a terra de nossos ancestrais!? Podemos resolver isso com duas mortes. Eles não podem ser tão espertos. E nós temos uma vida aqui! Um emprego! Pessoas a punir, seja pela Justiça dos Homens ou pela Justiça da Lâmina!

-Isso não resolveria mais nada! Ou você acha que Exupéry e Champollion seriam os últimos detetives a tentar solucionar casos tão glamurosos quanto o de assassinos mortos misteriosamente após serem liberados!? Fomos estúpidos ao saírmos com o anel de formatura sob a luva! Cometemos um erro fatal e devemos nos redimir saindo daqui!

-Puritano tolo! Não cometemos erro algum! Isso só torna o jogo mais divertido! Eles estão muito perto e quando sentirem o nosso cheiro, estarão em nossa mesa, implorando por misericórdia. -E então estava decidido. A voz doce calara-se sob a potência da voz rascante e a decisão fora tomada. Thomas Gunner mataria os dois. Nas próximas treze horas.